A reportagem abaixo faz parte da edição de Maio/25 da Portal Magazine. Para conferir a revista na íntegra, acesse o link abaixo:

Revista Portal do Morumbi

A artista holandesa Gabrielle Maussen apresenta, no Portal do Morumbi, uma mostra que reúne registros fotográficos de algumas de suas obras mais significativas, compondo uma breve retrospectiva de sua produção recente. A seleção propõe uma aproximação sensível com os processos que atravessam sua pesquisa artística — marcada pela impermanência, pela transformação da matéria e pela poesia dos ciclos naturais.

A mostra conta ainda com a presença de uma obra original da série #nomorediscipline, ação que propõe a criação como prática de liberdade e escuta interior. A obra será ativada em momentos pontuais ao longo do período expositivo, no interior do clube, convidando o público à experiência e à presença.

Sobre a artista
Filha, neta e irmã de farmacêuticos, cujo pai, na Holanda, produzia remédios em casa, traz uma experiência única à sua formação em engenharia de horticultura, onde a alquimia, a química, a ciência e a natureza convergem em suas criações.

Seu percurso artístico foca em processos de intervenção em materiais e objetos, transformando o próprio processo em matéria-prima. Destacando a ressignificação dos elementos, essa abordagem não apenas se manifesta materialmente, mas também se estende como uma metáfora do contínuo fluxo de experiências e reflexões interiores.

Ao incorporar materiais reutilizados e elementos perecíveis da natureza, como plantas e ervas, aliados à intervenção por processos químicos ou biológicos, Maussen busca transcender a mera criação visual. Terrários concebidos por ela exemplificam este conceito, onde parte da matéria se decompõe, enquanto outra parte dá origem a nova vida. Essa dinâmica também é observada em desenhos em placas de sal, sujeitas a transformações ao longo do tempo, e nas placas de cobre, que oxidam, se apagam e mudam de cor.

A singularidade dessa abordagem, inspirada pelas expressões artísticas contemporâneas e vertentes pós-expressionistas, guia o olhar de Maussen para explorar o seu interior. Este processo reverbera na arte, criando espaços pictóricos e simbólicos que capturam vivências profundamente arraigadas na experiência humana. A arte de Maussen não é apenas a representação de um momento estático, mas sim uma narrativa em constante evolução, onde os elementos em transição se tornam símbolos do processo contínuo de autorreflexão e autoexploração.

Texto: “Caminhos Alquímicos: Transmutação e natureza na arte de Gabrielle Maussen”, por Nathalia Cruz